Projeto que foi surgindo organicamente e compilado posteriormente. Vó Aigil sempre foi uma personalidade excêntrica, artista, colecionadora de antiguidades, uma alma sensível. Quando o Alzheimer começou a tomar a sua mente, se tornou acumuladora. No auge da pandemia, a minha família percebeu que não podia mais deixar ela e meu vô morando sozinhos naquela casinha na praia, e limpar a casa foi um longo processo.
Foram encontradas centenas de sacolas, embalagens de doces, caixas de cigarro vazias, folhas secas, sementes, galhos, conchas, escovas de dente velhas, pequenos pedaços misteriosos de plástico. Tudo cuidadosamente organizado em pequenos ninhos, só que os componentes não faziam sentido. Em muitos momentos eu tinha a sensação de estar dentro da mente dela que estava em processo de erosão, tentando entender aquela estranha lógica.
Esse projeto é sobre o fim da história da minha vó e a conexão que ainda sinto com ela, se manifestando tanto na inclinação pela arte, quanto na tendência de se sufocar em acumulação.
Feito em filme fotográfico 35mm Kodak Ultramax 400 e FujiFilm Superia X-Tra 400
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